sábado, 2 de novembro de 2013

IPSS: Formas de vencer a crise


Apostar na certificação, novos modelos de gestão e de angariação de fundos, investimento na imagem e comunicação, investimento na formação contínua de dirigentes e funcionários, cultura do valor, ser diferente....


Notícia: O Mirante
Aposta na certificação das instituições sociais é uma das formas para vencer a crise
2013.06.27
 
Em tempos de crise, a dependência das receitas provenientes do Estado para manterem as portas abertas está a colocar muitas instituições particulares de solidariedade social em situações de graves dificuldades. O grupo Moneris realizou uma sessão onde se apresentaram novos modelos de gestão no sector social.

A aposta na certificação é o caminho que muitas instituições sociais estão a trilhar para se tornarem mais competitivas no mercado e cada vez menos dependentes do financiamento do Estado. Esta foi uma das ideias defendidas durante uma mesa redonda no âmbito da sessão de esclarecimentos “Uma nova abordagem da gestão do sector social”, organizada pelo grupo Moneris, na terça-feira, 18 de Junho, no Teatro Sá da Bandeira, em Santarém.

Na mesa redonda “Modelos organizacionais e financiamento no sector social”, que teve a moderação de Joana Emídio, diretora de Marketing e Projetos Especiais de O MIRANTE, o administrador e responsável do Centro de Competências do Sector Social do grupo Moneris referiu que “é preciso uma nova dinâmica, mais estruturada e organizada”. Domingos Nascimento realçou que “há uns anos, as instituições tinham uma gestão muito personalizada, mas gradualmente as coisas têm mudado”, ressalvando que a questão económica neste momento é crítica e as instituições “descuidaram-se um pouco”. O responsável reconhece que “a maior parte está a trabalhar na questão da gestão da qualidade” e que este é um caminho importante que deve continuar a ser seguido.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Santarém, Mário Rebelo, reconheceu que as instituições vivem, de momento, na dependência em “70 ou 80 por cento dos subsídios do Estado”. “É necessário apostar na qualificação dos serviços prestados e se necessário certificá-los porque estamos no mercado e assim temos a garantia que estamos a prestar um serviço de qualidade”, disse. O dirigente refere que as instituições precisam de encontrar novos modelos de gestão que passam pela procura de melhores preços, pelo investimento na imagem e comunicação ou na contínua formação de dirigentes e funcionários. “Uma instituição como a Santa Casa, com mais de 500 anos, já passou por várias crises e continua no mercado. Temos de estar todos unidos”, concluiu.

Na sessão participou também o padre José Luís, da União das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) de Lisboa e do Projeto ALA, que chamou a atenção para a importância das “relações na economia”. “As nossas instituições vivem da pieguice, lambemos os pés aos políticos para que pingue alguma coisa. Tenho instituições em Lisboa que acreditaram, lamberam, e o dinheiro não apareceu. Não é na pieguice que se deve apostar, mas na cultura de valor, promovendo as relações entre todos”, referiu.

O padre Lúcio trouxe o exemplo do trabalho que desenvolve na área da toxicodependência na Cáritas de Vila Real, destacando a importância dessa instituição como um dos maiores empregadores da zona. De modo a angariar receitas próprias, alguns utentes prestam serviços noutras instituições, como trabalhos de pintura ou construção. “Portugal precisa muito de nós, temos de ir para além das oito horas de trabalho. Quem está na causa social tem de ter vontade de servir”, referiu.


Instituições só deveriam depender 40 por cento do Estado

Também o diretor do Centro Distrital de Segurança Social de Santarém, Tiago Leite, avisou que existem estudos que indicam que as instituições “deveriam viver com 40 por cento das receitas provenientes do Estado”. A maioria das 260 instituições do distrito de Santarém depende, segundo o responsável, em cerca de 80 por cento desses subsídios. O dirigente revela que existem muitas instituições a passar por maus momentos, mas, ao contrário do que acontecia anteriormente, só ajuda se apresentarem um plano de gestão para não voltarem depois a caírem na mesma situação.

“O segredo da estratégia e das oportunidades está em cada um de nós, em sermos diferentes e todos sermos um. Se conseguirmos ser diferentes e cada um marcar a diferença trabalharemos todos para um futuro sustentável e promissor”, concluiu Joana Emídio, destacando ainda o trabalho dos dirigentes nestas instituições que todos os dias fazem “pequenos e grandes milagres”.
 
Fonte: Economia Social Santarém

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