quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Violência doméstica exige "combate sem tréguas nem limites"

O ministro da Justiça, Alberto Martins, considerou hoje que o crime da violência doméstica exige um combate "sem tréguas nem limites" e de "todos os cidadãos".

"É um combate que tem de ser travado sem tréguas e sem limites, pelas medidas legislativas, criminais, repressivas e preventivas", afirmou o ministro à margem da inauguração do Julgado de Paz de Cascais.

Alberto Martins comentava assim o estudo da Universidade do Minho revelado na quarta-feira que indica que quatro em cada dez mulheres portuguesas com mais de 60 anos dizem ter sido vítimas de algum tipo de abuso nos últimos 12 meses por alguém que lhes é próximo.

Para o ministro, o combate ao crime da violência doméstica não é apenas da responsabilidade da justiça, mas "de todos os cidadãos", dado que é uma "questão cultural".

"É um caminho árduo a percorrer e é uma responsabilidade de todos os cidadãos, porque é uma forte questão cultural, de igualdade das pessoas", sublinhou.

Assinala-se hoje o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, instituído desde 1999. Aproveitando a data, a Escola de Psicologia da Universidade do Minho (UM) divulgou um estudo sobre os abusos a mulheres idosas que se insere no projeto europeu AVOW - Violence and Abuse Against Older Women.

Em Portugal, o estudo envolveu uma amostra de 649 mulheres com 60 anos ou mais a viver em domicílios particulares e concluiu que quatro em cada dez dizem ter sido vítima de algum tipo de abuso nos últimos 12 meses.

Mais de metade das situações relatadas correspondem à incidência de um único tipo de abuso. O mais prevalente foi o emocional ou psicológico (32,9 por cento), seguido do abuso financeiro (16,5 por cento), da violação de direitos pessoais (12,8 por cento), da negligência (9,9 por cento), do abuso sexual (3,6 por cento) e do abuso físico (2,8 por cento).

Segundo os investigadores, o parceiro ou marido foi o perpetrador mais referido nos abusos emocional, financeiro, sexual e de violação de direitos pessoais. Já nos casos de negligência e abuso físico, "a filha" é a autora mais referida.

Do total de mulheres abusadas, só um terço reportou ou contou o incidente mais sério que viveu e fê-lo sobretudo na sua rede social informal, ou seja, a um familiar ou amigo.

Das que contactaram serviços, instituições ou organizações, a maioria reportou o caso a um profissional de saúde, seguido de um padre e de um assistente social ou profissional do apoio domiciliário. Só 1,4 por cento das vítimas recorreram à PSP ou à GNR.

Fonte: http://www.publico.pt/Sociedade/violencia-domestica-exige-combate-sem-treguas-nem-limites_1468072
25.11.2010 - 15:28 Por Lusa

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